Desdobramentos da Alta do Dólar: Um Olhar Aprofundado pela BullSide Capital

Nos últimos dias o dólar chegou a passar da casa dos R$ 5,22, puxado pelas expectativas de juros mais altos nos Estados Unidos

Faltam poucos meses do final do ano, no entanto, especialistas afirmam que as próximas projeções para a moeda dependem de mais dados da economia norte-americana. 

Nesta última sexta-feira, o dólar terminou o dia em R$5,16, após chegar a R$5,22 na máxima do dia, com investidores repercutindo os dados do mercado de trabalho no relatório conhecido como payroll. 

Com números maiores do que o esperado, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros altos por mais tempo que o esperado inicialmente ganhou força. 

Há algumas semanas, especialistas diziam que esse aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos não estava fazendo tanto preço no mercado de câmbio, que já havia precificado a movimentação das taxas

A avaliação, no entanto, veio antes da surpresa do último comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), mais duro que o esperado.

Na sequência, dados da economia norte-americana reforçaram os temores. Agora, para Anilson Moretti, head de câmbio na HCI Invest, “tudo vai depender das próximas informações de inflação nos EUA”, incluindo o índice de preços ao consumidor a ser divulgado no próximo dia 12. 

Ele cita ainda as expectativas para os anúncios do Fed e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central Brasileiro no dia 1º de novembro. “Essas informações serão cruciais para uma decisão acertada do Copom em manter e não diminuir os juros no Brasil. Nosso país precisa continuar atrativo para investimentos estrangeiros, princípio que não vem ocorrendo desde agosto de 2023”, opina Moretti. 

Em relação a isso, Guilherme Sahadi, CEO da BullSide Capital, comenta sobre o assunto e diz que a expectativa para o dólar é de permanecer acima da casa dos R$5 por um bom tempo”. Confira abaixo:

“Não existe razão, na nossa visão, para um alívio no curto e médio prazo. Eu diria que nos próximos 3 meses, pelo menos, porque está claro que o Fed deve manter as taxas de juros mais altas e deve haver um aumento enquanto o Brasil está num movimento contrário, de cortes, tendo em vista que o Banco C daqui atuou um pouco à frente do BC americano, e houve um controle inflacionário.”

Guilherme cita também que já “existe uma entrada de capital institucional nos EUA, buscando esses juros mais altos”, o que pressiona a demanda por dólar. 

“Então a nossa expectativa é que vai haver um aumento pela demanda pela moeda americana, dado que os juros estão elevados e existe uma entrada de capital institucional nos EUA buscando esses juros mais altos, o que acarreta um poder muito forte na moeda americana, não só em relação ao Brasil, mas também com moedas de mercado emergente geral ” 

No entanto, no acumulado de 2023 até agora, a moeda norte-americana acumula queda de 2,21%, apesar de estar diminuindo esse recuo. Somente nos primeiros dias de outubro, já houve avanço de 2,68%. A expectativa fica, então, sobre a reação do mercado à divulgação dos próximos números.

Em relação a esse conflito no oriente médio entre Israel e Palestina e o resultado disso na economia mundial, Guilherme menciona:

“O impacto no mercado é limitado desde que o conflito se mantenha apenas entre as duas partes…o grande problema é quando existe uma ramificação e o conflito se estende para outros países ou começa um financiamentos de uma guerra e escala maior, como no caso da Rússia e Ucrânia, onde houve um suporte e financiamento muito forte pra Ucrânia, limite de capital russo externo, fechamento de contas, tudo aquilo que acaba alimentando o conflito. Então, nesse caso, a maior dúvida é se vai se limitar somente a região ou vai ter uma ramificação maior que se estende ao resto do mundo. Caso se limite somente a região, o resultado nos mercados é bem limitado.”

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